Hoje, nossos heróis de papel completam 46 de existência nas bancas italianas. Daqui do Brasil, local em que Zagor está desde 1978, mandamos os votos de um ótimo aniversário e que muitas primaveras ainda estejam esperando pelo Espírito da Machadinha e por seu amigo de sempre, o Pequeno Homem da Grande Barrigudo, também conhecido como Chico.

Blog dedicado ao personagem criado em 1961 por Sergio Bonelli (sob o apelido de Guido Nolitta) e Gallieno Ferri. Bonelli nasceu em 2 de dezembro de 1932, em Milão, e faleceu em 26 de setembro de 2011, em Monza, aos 78 anos. Ferri nasceu em 21 de março de 1929, em Gênova, e faleceu no mesmo lugar, em 2 de abril de 2016, aos 87 anos. Acompanhe mensalmente as incríveis aventuras de Zagor e Chico, nas revistas Zagor e Zagor Especial, publicadas pela Mythos Editora.
sexta-feira, 15 de junho de 2007
quinta-feira, 14 de junho de 2007
MORENO BURATTINI "ENTREVISTA" SERGIO BONELLI
Caro Ramath:
Sergio Bonelli leu a carta que você lhe escreveu, em nome de todos os associados do forum de "Zagortenay, l'eroe di Darkwood" e lhe agradece pelos pontos de vista e pelo convite para responder pessoalmente, no forum, as perguntas submetidas a ele.
Durante um momento de pausa nos trabalhos da Editora, submeti a ele alguns dos argumentos objetos de suas perguntas e eis-me aqui a reportar o que ele me disse.
1)Bonelli é, obviamente, muito orgulhoso da presença de Zagor nas bancas por mais de 45 anos ininterruptamente. O orgulho, me disse, é duplo porque Zagor não é uma série que sobrevive a custas de outras publicações da nossa Editora, (como acontecia, inútil esconder, nos últimos anos de Mister No), mas é ainda viva, graças ao constante favor dos seus leitores. Leitores cujo número está bem distante daqueles dos anos de ouro, mas que é sempre respeitável e até invejável, em razão dos tempos em que vivemos.
2)Quanto à idéia de um "Zagorone", Bonelli gostaria que cada um de seus personagens tivesse uma versão "gigante", que fosse capaz de valorizar o trabalho de seu autor gráfico. Infelizmente, diz Sergio, nossa Editora deve pesar os fatores econômicos: no caso de Zagor, os números de um hipotético cálculo de custos e lucros sempre nos desencorajaram do projeto do qual estamos falando.
3)Quanto aos gadgets (pôsteres, broches, etc), Bonelli confirma seu desejo de continuar a fazer apenas seu trabalho de editor, ou seja, realizar e vender apenas histórias em quadrinhos. Outras Editoras têm políticas diversas, que ninguém põe em discussão. A nossa Editora não pensa assim e isso é uma característica nossa.
4)Como atrair novo público? Sergio é muito cético. A sua experiência lhe ensinou que, depois de perdê-los, é impossível reconquistar novos leitores. Não podemos fazer outra coisa que não seja continuar a oferecer todo o nosso empenho, todo o nosso profissionalismo, todo o nosso entusiasmo de eternos sonhadores. Assumir iniciativas como fazer publicidade em jornais ou televisão (muito caro para os nossos preços de venda) ou inventar concursos (coisa ridicularmente datada) são tentativas que não interessam a Bonelli.
Este meu resumo é totalmente coerente com o pensamento de Sergio e absolutamente fiel às suas palavras, que eu "arranquei" nas conversas informais citadas antes. Pode publicá-las do jeito que está no seu forum.
Moreno Burattini
Sergio Bonelli leu a carta que você lhe escreveu, em nome de todos os associados do forum de "Zagortenay, l'eroe di Darkwood" e lhe agradece pelos pontos de vista e pelo convite para responder pessoalmente, no forum, as perguntas submetidas a ele.
Sergio, contudo, nunca interveio nos debates que ocorrem na internet e, por antigo hábito, prefere continuar a responder pessoalmente às cartas que lhe chegam pelos Correios. Ele me pediu que eu lhe transmitisse suas desculpas por declinar do gentil convite, acrescentando que , além de seu hábito de servir-se das tradicionais missivas nos contatos com os leitores, entende que o forum, certamente, é capaz de constituir um interessante ponto de debate de assuntos fumettísticos, de cinema ou de política.
Durante um momento de pausa nos trabalhos da Editora, submeti a ele alguns dos argumentos objetos de suas perguntas e eis-me aqui a reportar o que ele me disse.
1)Bonelli é, obviamente, muito orgulhoso da presença de Zagor nas bancas por mais de 45 anos ininterruptamente. O orgulho, me disse, é duplo porque Zagor não é uma série que sobrevive a custas de outras publicações da nossa Editora, (como acontecia, inútil esconder, nos últimos anos de Mister No), mas é ainda viva, graças ao constante favor dos seus leitores. Leitores cujo número está bem distante daqueles dos anos de ouro, mas que é sempre respeitável e até invejável, em razão dos tempos em que vivemos.
Como Sergio vê o futuro do personagem? Infelizmente, todas as atuais séries italianas sentem a falta de novos leitores e, assim, o futuro de nenhuma é muito promissor. Se as coisas não mudarem, em poucos anos as revistas se transformarão num produto dirigido a nichos de mercado ou fecharão as portas.
2)Quanto à idéia de um "Zagorone", Bonelli gostaria que cada um de seus personagens tivesse uma versão "gigante", que fosse capaz de valorizar o trabalho de seu autor gráfico. Infelizmente, diz Sergio, nossa Editora deve pesar os fatores econômicos: no caso de Zagor, os números de um hipotético cálculo de custos e lucros sempre nos desencorajaram do projeto do qual estamos falando.
3)Quanto aos gadgets (pôsteres, broches, etc), Bonelli confirma seu desejo de continuar a fazer apenas seu trabalho de editor, ou seja, realizar e vender apenas histórias em quadrinhos. Outras Editoras têm políticas diversas, que ninguém põe em discussão. A nossa Editora não pensa assim e isso é uma característica nossa.
4)Como atrair novo público? Sergio é muito cético. A sua experiência lhe ensinou que, depois de perdê-los, é impossível reconquistar novos leitores. Não podemos fazer outra coisa que não seja continuar a oferecer todo o nosso empenho, todo o nosso profissionalismo, todo o nosso entusiasmo de eternos sonhadores. Assumir iniciativas como fazer publicidade em jornais ou televisão (muito caro para os nossos preços de venda) ou inventar concursos (coisa ridicularmente datada) são tentativas que não interessam a Bonelli.
Este meu resumo é totalmente coerente com o pensamento de Sergio e absolutamente fiel às suas palavras, que eu "arranquei" nas conversas informais citadas antes. Pode publicá-las do jeito que está no seu forum.
Moreno Burattini
Texto extraído do forum Za-gor te-nay, L'eroe di Darkwood. Para acessá-lo, basta clicar no título desta matéria.
quarta-feira, 13 de junho de 2007
terça-feira, 12 de junho de 2007
Capas 21 a 25 da 2ª serie (formato cheque)
segunda-feira, 11 de junho de 2007
ZAGOR SPECIAL 19: A MALDIÇÃO DE ANULKA
Na semana que passou, recebi o 19º volume da coleção italiana Zagor Special (ou Speciale Zagor). A revista, de 160 páginas, traz uma boa história da dupla Burattini e Mangiantini. Nela, Zagor, Chico e o xerife Cody se vêem às voltas com uma trama que começou mais de 100 anos antes, com a caça às bruxas.
Na cena abaixo, o sofrimento de um prisioneiro da malévola Anulka, momentos antes de ser morto:

Agora, vemos a bruxa tentando escapar de seus perseguidores:

Na imagem a seguir, encontramos Zagor, Chico, o Xerife Cody e um gato misterioso que não deixa o nosso barrigudo em paz:

Esperemos que a Mythos publique essa história no nosso Zagor Especial 14, no início do ano que vem.
domingo, 10 de junho de 2007
DONATELLI: UMA VIDA DESENHADA
Franco Donatelli, sem dúvida um dos mais populares “traços” do staff zagoriano, nasce em Alexandria em 13 de março de 1925, mas apenas dois anos depois se transfere com a família para Milão, onde viveria por toda a vida.
Desde menino, demonstra uma precoce verve para o desenho e, graças a uma série de felizes coincidências (um companheiro seu de escola [Luciano Bertasi] era o tio de Sergio Bonelli), entra em contato, muito jovem, com a Editora Audace e já em 1940, com textos de Gianluigi Bonelli, realiza os desenhos de alguns episódios de “Furio Almirante”. Certo, naqueles anos, também por causa da guerra, desenhar quadrinhos era ainda um trabalho artesanal, uma experiência cheia de incógnitas, que não garantia um salário seguro.
Mesmo sem abandonar a sua paixão, Donatelli aceita por um breve período trabalhar em um banco, colabora com um estúdio publicitário, freqüenta a academia de Brera. Em 1946, desenha as histórias de “Mistero”, escritas por Leonello Martini para a Editora Ponzoni, assinando com o seu primeiro pseudônimo: Frank Well. Entre os tantos esporádicos empenhos realizados nesse período, ilustra alguns “Albi dell`Intrepido” para a Universo, “Mandrake” para a Nerbini, “Amok” para a Casarotti e alguns westerns para as Edições Alpe.
Em 1948, o seu caminho profissional volta a cruzar-se com o da família Bonelli: seu novo banco de provas é “A Patrulha dos Sem Medo - La Pattuglia dei Senza Paura”, uma série de suspense escrita por Bonelli pai e Franco Baglioni, em que dois policiais americanos se envolvem em uma luta sem tréguas com a marginalidade, em uma metrópole dura e desapiedada. No mesmo ano, desenha alguns episódios de “Sitting Bull” para a Della Casa.
Em seguida, faz capas e ilustrações para os “Albi Salgari” e para muitos livros juvenis editados pela Mursia, Cappelli, Sonzogno e Rizzoli e colabora com o mercado francês (ilustrações em meia tinta para “Paris Jour”) e inglês (contos de guerra em quadrinhos).
Nos anos sessenta, passa a ser um dos desenhistas estáveis de “Zagor”, uma insólita figura justiceira dos bosques, criado por seu velho amigo Sergio Bonelli, com o pseudônimo de Guido Nolitta.
Página da história O Arqueiro Vermelho, Zagor Record 18
Dotado de uma marca essencial e altamente comunicativo, Donatelli contribuiu para tornar críveis os personagens mais diversos: do western “Pecos Bill”, editado pela Sepim, para a qual realiza mais de três mil quadros, ao curioso super-herói made in italy “Radar”, um jovem que se desloca à velocidade da luz, pode assumir a aparência de pessoas e animais e é dotado - daí seu nome - de incríveis capacidades telepáticas que lhe permitem “sentir” qualquer um que invoque seu nome.
No mesmo período, trabalha para a Editora Corno, realizando as capas para “Gordon” e “Máscara Negra”. Para a Mondadori, desenha um episódio de “Batman”, publicado em “Nembo Kid”.
Vista a sintonia que o prende, nos anos setenta, Sergio Bonelli pede a Donatelli para dar um rosto ao seu novo herói, Mister No, com uma história que, embora tenha sido realizada antes, será publicada no segundo número da série.
Mas no coração de Donatelli havia também uma notável veia de pintor: basta pensar nas centenas de capas, assinadas Frank Donat, que ilustrou entre 1963 e 1975 para a coleção bonelliana de “O Pequeno Ranger”. Naquelas têmperas[1], feitas sobre uma mistura de cores mórbidas e quentes, o jovem herói de Andrea Lavezzolo adquiria um fascínio e uma densidade dramática inesquecíveis.
Donatelli não dava pretensiosas soluções gráficas, não carregava seus quadros com particularidades inúteis, não previstas pelo escritor: sabia apontar diretamente para o coração da Aventura, sem distrair a atenção dos leitores.
Textos traduzidos e adaptados por José Ricardo do Socorro Lima da revista Zagor 417 (Vendetta Vudu), de janeiro de 1996, e do livro “Zagor”, da Editora Glamour, de novembro de 1992, pág. 102/103.
[1] Segundo o Dicionário Aurélio, pintura a têmpera é a que se faz com pigmentos dissolvidos num adstringente, como cola ou clara de ovo, o que facilita a adesão da matéria pictórica ao suporte. Também pode significar o mural ou o quadro em que se emprega essa técnica.
sábado, 9 de junho de 2007
Capas 16 a 20 da 2ª série (formato cheque)
sexta-feira, 8 de junho de 2007
Filmes turcos do Zagor
A Turquia, país que abriga uma das maiores legiões de admiradores do Espírito da Machadinha, foi palco, na década de 70, de três filmes "piratas" sobre o nosso herói. São piratas, porque não obtiveram a permissão da Sergio Bonelli Editore para serem feitos.
Nunca vi os filmes (alguém os tem?), mas, pelas fotos, a figura do Chico está impagável. É a cara do Pequeno Homem da Grande Barriga.
As películas foram dirigidas por Mehmet Aslan e Nisan Hanceryan. Zagor foi interpretado por Levent Cakir.
Zagor, Chico e Digging Bill
Segundo o livro Zagor, Lo Spirito con la Scure, vol. 2, de Gisello Puddu, citando o site brasileiro www.zagor.dk3.com, que hoje está associado ao Portal TEXBR, são estes os dados sobre os filmes:
1 - Zagor
Diretor: Mehmet Aslan
Roteirista: Mehmet Aslan
Atores: Cihangir Gaffari, Yilmaz Koksl, Kazim Kartal, Yavuz Selekman, Huseyin Zan, Nihat Ziyalan
Atriz: Nukhet Egeli
Produção: Ozdeyis Film
Ano: 1970
2 - Zagor contra o Abutre
Diretor: Nisan Hanceryan
Roteirista: M. Nuri Seybi
Atores: Levent Cakir, Yavuz Selekman, Ergun Koknar, Muzaffer Tema, Turgut Ozatay, Sirri Elitas, Ahmet Kostarika, Nuri Kirgec, Nevzat Acikgoz e Tuncer Yenice
Produção: Yerli Film
Ano: 1971
Esse filme foi inspirado na história "L'Avvoltoio", publicada nos números 22 e 23 italianos.
3 - Zagor: O Tesouro do Capitão Negro
Diretor: Nisan Hanceryan
Roteirista: M. Nuri Seybi
Atores: Levent Cakir, Muzaffer Tema, Muzaffer Tema e Nuri Kirgec
Atores: Levent Cakir, Muzaffer Tema, Muzaffer Tema e Nuri Kirgec
Atriz: EcE Cansel
Ano: 1971
Ano: 1971
A história foi baseada na aventura "As Hienas do Mar", publicada no n. 24 da Vecchi.
quinta-feira, 7 de junho de 2007
Adeus a Michele Pepe
Caros amigos,
Noutro dia, eu fui ao escritório do nosso diretor de arte Michele Pepe (quem lhes fala não é Sergio Bonelli, mas, excepcionalmente, Mauro Boselli, editor desta coleção). Queria pedir-lhe uma sugestão para a capa do número de Zagor de novembro. Mas, aqui na Bonelli, temos sempre mais trabalho que tempo. Michele me sorriu, indicando os quadros a corrigir e revisar que entulhavam a sua mesa.
Claudio Nizzi e Mauro Boselli
Eu bati a mão em suas costas: “Você tem razão, Pepito. Não há pressa!”. “Nós vemos isso na segunda”, me disse ele. Hoje, enquanto escrevo estas linhas, é segunda-feira, sete de julho de 1997. Michele Pepe morreu ontem, dormindo. Não entrei em seu escritório hoje de manhã. Não quero entrar lá mais. Michele Pepe era o nosso diretor de arte. Era ele quem coloria as capas de Zagor e de grande parte de nossas revistas; ele quem desenhava os vivazes títulos do justiceiro de Darkwood. A capa que vocês verão em novembro (“Kraken”), deveremos pensar nela sozinhos, eu e Ferri. Ser-me-á difícil, porque queria tanto ter pedido aquele conselho a Michele, esta manhã, e creio que a capa não será bela como aquela que teríamos imaginado, junto com ele.
Moreno Burattini, ao centro, e Michele Pepe, à direita
Michele Pepe desenhava há pouco tempo Mister No, mas há mais de dez anos era um zagoriano, um desenhista do Espírito da Machadinha entre os mais amados pelos nossos leitores. Ele deixou guardada uma história completa[1] (outro arrependimento: faltam algumas tiras de conexão que eu não havia ainda lhe dado para desenhar, mas, sabe-se, havia ainda tempo...), e em um momento ou outro essa história será publicada. Será um outro modo para recordá-lo e nesta página antecipo a vocês uma bela cena.
Michele Pepe era uma bravíssimo colega, um ponto de referência para mim e para os outros autores da série. Ele via os defeitos dos quadros muito melhor do que eu e sem ele terei muito, muito mais trabalho. Mas, sobretudo, Michele Pepe era um amigo. Hoje, para não sentir muito o vazio que deixou, escreverei a mais algumas páginas de Zagor. Talvez, com a cumplicidade de um outro desenhista amigo, colocarei sua imagem em uma história, em algum mundo feliz dos quadrinhos que eram uma parte importante de sua vida[2]. Assim, por um pouco de tempo, fingirei não sentir a sua falta. Mas a verdade verdadeira é que Michele Pepe já faz falta a todos nós e continuará a fazer muita falta. Dito isso, caros zagorianos, perdoem-me a comoção.
De aventuras, batalhas e viagens mirabolantes voltaremos a falar no mês que vem.
Desta vez podíamos apenas mandar uma saudação ao nosso amigo. Hasta siempre, Michele!
Mauro Boselli
Texto traduzido por José Ricardo do Socorro Lima da revista Zagor Gigante 385 (L`Eredità Fitzmayer), seção Postaaa!, pág. 4.
[1]Essa história foi publicada nos números 415 (Fuga per la libertà) e 416 (Catene). No Brasil: Zagor 39 e 40/Mythos.
[2] Boselli inseriu o rosto de Michele Pepe na história “O Príncipe dos Duendes”, publicada no Zagor Special 11, em abril de 1999. No Brasil: Zagor Especial 3/Mythos.
Imagens gentilmente cedidas pelo site Darkwood On-Line
quarta-feira, 6 de junho de 2007
A propósito de Franco Donatelli
Traduzindo vários textos sobre Frank Donatelli, lembrei-me de que, até pouco tempo atrás, eu não simpatizava muito com esse desenhista.
Recordo que cheguei mesmo a enviar cartas para a Editora Record solicitando que não publicasse histórias desenhadas por ele. Sabem por quê? Eu considerava seu traço ruim, muito fraco, não sendo digno de figurar entre os artistas de Zagor.
Hoje em dia minha opinião é outra, diametralmente oposta. Explico-me: a Record, em alguns números, deixava o traço muito claro, até mesmo falhado e eu achava que aquilo era o desenhista italiano que havia feito. Como agora possuo toda a coleção italiana, e a SBE tem uma impressão ótima, posso ver que estava completamente errado. O traço de Donatelli é um dos melhores de toda a série e na minha opinião está muito perto do de Ferri, se é que não podemos dizer que os dois são do mesmo nível.
Seu estilo é inconfundível e já me deixa ansioso por ler o Maxi Zagor 3. Abrindo qualquer revista, sei imediatamente se o desenho é dele (ou de Ferri) ou não. Já o mesmo não ocorre com os demais desenhistas, em geral (o traço do Gamba e o do Chiarolla também são singulares).
Por isso, mesmo depois de tanto tempo do envio daquelas cartas para a Record, peço desculpas pela primeira impressão, pois esta não foi a que ficou.Donatelli morreu. Longa vida a suas tiras.
O texto acima foi escrito em 24/12/2001.
Auto-retrato de Donatelli
Página desenhada por Donatelli
terça-feira, 5 de junho de 2007
Conversa com o Editor (Tutto Zagor 4)
Caros amigos,
Salto os cumprimentos e passo imediatamente a uma carta muito interessante escrita por Franco Merisi, de Caserta:
“Caro Bonelli, li com entusiasmo os primeiros números da tão esperada reedição de Zagor e quero primeiramente dar os cumprimentos a você (aliás Nolitta), a Ferri e a toda a redação. Mas eu tenho uma dúvida, uma curiosidade e uma pergunta, como diz o subtítulo da sua bela rubrica: como já a partir do número 2, no início de alguns episódios está escrito “textos e desenhos de G. Ferri”? Trata-se de um erro (coisa em que não creio, porque a publicação é extremamente cuidada) ou na verdade você, já depois do número 1, cansou-se de escrever os textos e abdicou dessa função?
Talvez... mas a dúvida é acrescida do fato de que em muitíssimas passagens desses mesmos episódios reconheci o inconfundível “estilo Nolitta”...”
Bem, eu esperava realmente que uma carta do gênero chegasse, para que pudesse explicar, depois de tanto tempo, que coisa ocorreu de fato.
Caro Franco, em primeiro lugar, agradeço-lhe pelos elogios que faz e o cumprimento pelos seus conhecimentos de “zagorólogo”. Depois disso, começo dizendo que eu não estava “cansado” (tão rápido teria sido um pouco absurdo). Não, há uma razão muito forte para aquilo que aconteceu, uma razão de caráter “histórico-empresarial”. Dada a estrutura artesanal da Editora, eu devia fazer de tudo um pouco e naquele período, recordo, muitos problemas contingenciais faziam com que eu fosse mais “administrador” que escritor. Ou seja, abandonei (temporariamente) Zagor para dedicar-me a contas, faturas, contratos e outras coisas particularmente entediantes. Para Zagor, infelizmente, eu podia dedicar apenas os restos do meu tempo e os usava para estudar com Ferri um esboço de história. Ele depois ia para casa (em Recco, perto de Gênova, a uma distância que piorava a situação) e fazia tudo, texto e desenhos. Para Ferri, um trabalho danado. E me parece justo, hoje, homenageá-lo, publicando aqui embaixo seu auto-retrato (as rugas que hoje ele tem a mais são devidas também pelo cansaço de então). De qualquer forma, no fim dessa insólita “colaboração”, eu intervinha para retocar os diálogos, principalmente para dar homogeneidade à “linguagem zagoriana”. Eis explicadas a dúvida, a curiosidade e a pergunta de Franco e todas as perplexidades de tantos outros que me escreveram, também a propósito da maior dose de humorismo dos números 2 a 6: entre outras coisas, na época, o humorismo era uma exigência do “mercado” (ou seja, do público, ou seja, de vocês) e nós não poderíamos não colocá-lo nas histórias.
Mais tarde, sempre para opor-se àquele período de “crise”, eu me socorri do amor paterno, pedindo a Giovanni Luigi Bonelli, embora empenhadíssimo com Tex, que escrevesse algumas histórias do meu personagem (vocês as lerão a partir do número 6). Com o passar do tempo, entretanto, o amor por Zagor triunfou sobre as contas. No número 10 da série, voltou o “staff” original (“Nolitta”-Ferri) e desde então, por muitos anos, não mais houve “traições” da minha parte.
Tanto para dar uma idéia do empenho que Zagor significou para mim, direi que das 27.860 páginas que desenhei (até agora) na minha vida, 16.210 pertencem ao Espírito da Machadinha.
Um grande abraço a Franco e a todos e nos vemos no próximo mês.
Sergio Bonelli
Texto traduzido por José Ricardo do Socorro Lima da revista Tutto Zagor 4, de setembro de 1986.
Salto os cumprimentos e passo imediatamente a uma carta muito interessante escrita por Franco Merisi, de Caserta:
“Caro Bonelli, li com entusiasmo os primeiros números da tão esperada reedição de Zagor e quero primeiramente dar os cumprimentos a você (aliás Nolitta), a Ferri e a toda a redação. Mas eu tenho uma dúvida, uma curiosidade e uma pergunta, como diz o subtítulo da sua bela rubrica: como já a partir do número 2, no início de alguns episódios está escrito “textos e desenhos de G. Ferri”? Trata-se de um erro (coisa em que não creio, porque a publicação é extremamente cuidada) ou na verdade você, já depois do número 1, cansou-se de escrever os textos e abdicou dessa função?
Talvez... mas a dúvida é acrescida do fato de que em muitíssimas passagens desses mesmos episódios reconheci o inconfundível “estilo Nolitta”...”
Bem, eu esperava realmente que uma carta do gênero chegasse, para que pudesse explicar, depois de tanto tempo, que coisa ocorreu de fato.
Caro Franco, em primeiro lugar, agradeço-lhe pelos elogios que faz e o cumprimento pelos seus conhecimentos de “zagorólogo”. Depois disso, começo dizendo que eu não estava “cansado” (tão rápido teria sido um pouco absurdo). Não, há uma razão muito forte para aquilo que aconteceu, uma razão de caráter “histórico-empresarial”. Dada a estrutura artesanal da Editora, eu devia fazer de tudo um pouco e naquele período, recordo, muitos problemas contingenciais faziam com que eu fosse mais “administrador” que escritor. Ou seja, abandonei (temporariamente) Zagor para dedicar-me a contas, faturas, contratos e outras coisas particularmente entediantes. Para Zagor, infelizmente, eu podia dedicar apenas os restos do meu tempo e os usava para estudar com Ferri um esboço de história. Ele depois ia para casa (em Recco, perto de Gênova, a uma distância que piorava a situação) e fazia tudo, texto e desenhos. Para Ferri, um trabalho danado. E me parece justo, hoje, homenageá-lo, publicando aqui embaixo seu auto-retrato (as rugas que hoje ele tem a mais são devidas também pelo cansaço de então). De qualquer forma, no fim dessa insólita “colaboração”, eu intervinha para retocar os diálogos, principalmente para dar homogeneidade à “linguagem zagoriana”. Eis explicadas a dúvida, a curiosidade e a pergunta de Franco e todas as perplexidades de tantos outros que me escreveram, também a propósito da maior dose de humorismo dos números 2 a 6: entre outras coisas, na época, o humorismo era uma exigência do “mercado” (ou seja, do público, ou seja, de vocês) e nós não poderíamos não colocá-lo nas histórias.
Mais tarde, sempre para opor-se àquele período de “crise”, eu me socorri do amor paterno, pedindo a Giovanni Luigi Bonelli, embora empenhadíssimo com Tex, que escrevesse algumas histórias do meu personagem (vocês as lerão a partir do número 6). Com o passar do tempo, entretanto, o amor por Zagor triunfou sobre as contas. No número 10 da série, voltou o “staff” original (“Nolitta”-Ferri) e desde então, por muitos anos, não mais houve “traições” da minha parte.
Tanto para dar uma idéia do empenho que Zagor significou para mim, direi que das 27.860 páginas que desenhei (até agora) na minha vida, 16.210 pertencem ao Espírito da Machadinha.
Um grande abraço a Franco e a todos e nos vemos no próximo mês.
Sergio Bonelli
Texto traduzido por José Ricardo do Socorro Lima da revista Tutto Zagor 4, de setembro de 1986.
segunda-feira, 4 de junho de 2007
Vá até onde te leva o rio!
Quando Chico fez a sua estréia no primeiro gibi da saga de Zagor (e ele precedeu em várias páginas a chegada do Espírito da Machadinha), nós o encontramos embarcado como tripulante em uma barcaça chamada “Marybell”. Não foi por acaso esse acontecimento. O rio é, no fundo, o melhor caminho para o reino da aventura, uma porta de entrada para reinos desconhecidos. Guido Nolitta pareceu estar particularmente fascinado, visto que outros dois personagens, além de Chico, estiveram ligados desde a primeira aventura aos cursos d`água e à navegação fluvial: Mister No (que coisa seria a Amazônia, sem os mil rios que a atravessam?) e River Bill (um simpático marinheiro de água doce, desenhado por Francesco Gamba). O porque de Chico ter assumido o papel de marinheiro é revelado em “Chico Trapper” e detalhado em “River Chico”. Esta última revista, em particular, representa o ponto de encontro entre “Chico Trapper” e “Encontro na floresta”, o primeiro número de Zagor. No final de “Chico Trapper”, nós vimos o mexicano embarcar-se na “Marybell”; em “River Chico”, o seguimos no curso de suas aventuras em navegação pelos rios de Darkwood, antes de seu encontro com o Espírito da Machadinha.
Chico Trapper foi publicado pela Record, no n. 7 de Zagor Extra.
River Chico continua inédito no Brasil.
Quer saber como Zagor conheceu Chico? Leia a história abaixo.
Imagem gentilmente cedida pelo Portal TEXBR.
Capas 11 a 15 da 2ª serie (formato cheque)
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